A Assembleia Legislativa de Goiás realizou, na última segunda-feira (24/11), uma audiência pública em homenagem aos 70 anos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a serem completados em 22 de dezembro. A iniciativa foi proposta pelo deputado Mauro Rubem (PT), reconhecendo o papel histórico da instituição no fortalecimento da classe trabalhadora brasileira.
A mesa da solenidade reuniu a diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino; a supervisora técnica, Leila Brito; o superintendente regional do Trabalho e Emprego em Goiás e conselheiro da Apuc, Nivaldo Santos; o primeiro coordenador do Dieese em Goiás, Edmilson Lima; a presidente do Sindsaúde, Luzinéia Vieira; e o jornalista Pinheiro Salles. Representantes de diversas entidades sindicais prestigiaram o evento, entre eles o Professor Eugênio Jardim (Apuc), a Professora Neire Mendonça (Sinpro Goiás), o Professor Railton Nascimento (Contee) e a Professora Lúcia Rincon (Centro Popular da Mulher – CPM/UBM), que receberam certificados do gabinete do parlamentar. O engenheiro Silvio Costa Neto recebeu homenagem em nome de seu pai, Professor Silvio Costa (in memoriam), primeiro presidente do Sinpro Goiás.
Dieese e a defesa histórica da classe trabalhadora
Ao abrir a audiência, o deputado Mauro Rubem destacou que muitas vitórias e resistências da classe trabalhadora seriam inviáveis sem o suporte técnico do Dieese. Ele relembrou momentos decisivos em que a instituição contrapôs dados oficiais, especialmente em temas como inflação e custo de vida, fornecendo informações essenciais para negociações coletivas mais justas.
O parlamentar também comentou o atual cenário político brasileiro, marcado por condenações de envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, ressaltando a importância das instituições democráticas e de entidades que produzem dados confiáveis para orientar o debate público.
Financiamento sindical e fortalecimento institucional
O superintendente regional do Trabalho e Emprego, Nivaldo Santos — que presidiu a Apuc entre 2000 e 2002 — destacou a urgência de uma reestruturação no modelo de financiamento das entidades sindicais. Para ele, as pesquisas do Dieese são fundamentais para sustentar a ação sindical, especialmente diante das mudanças decorrentes da Reforma Trabalhista de 2017.
Nivaldo ressaltou que o movimento sindical precisa de fontes transparentes e democráticas de financiamento e lembrou que convênios com o Dieese podem ser custeados por fundos setoriais do Ministério do Trabalho e Emprego. Ele citou, ainda, a relevância de pesquisas realizadas pelo Dieese para entidades como o Sinpro Goiás, que permitiram traçar perfis profissionais e orientar negociações.
Transformações no mundo do trabalho
A diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino, abordou os desafios contemporâneos do mundo do trabalho, que passam pela regulação, tecnologia, novos modelos produtivos e dinâmicas globais. Segundo ela, para cumprir sua missão histórica, o Dieese precisa se modernizar, ampliando sua atuação não só em negociações, mas também em debates sobre políticas públicas.
A supervisora técnica, Leila Brito, apresentou um panorama da trajetória do Dieese em Goiás. Ela relembrou parcerias fundamentais, como a colaboração com a Prefeitura de Goiânia na pesquisa da cesta básica municipal e a criação do Observatório do Trabalho de Goiás, em parceria com o governo estadual e o MTE. Ressaltou também a subseção criada no Sindsaúde em 2015, que ampliou a capacidade de assessoria técnica no estado.
Leila frisou que o cenário atual exige inovação tanto do movimento sindical quanto do próprio Dieese. Apesar dos desafios, reafirmou o compromisso da instituição com a pesquisa, a assessoria e a formação sindical de qualidade.
A importância estratégica dos dados
A presidente do Sindsaúde, Luzinéia Vieira, reforçou o orgulho da entidade em manter uma subseção do Dieese, destacando que dados confiáveis são indispensáveis para negociações com o setor público e privado. Ela reconheceu o papel decisivo do departamento na recente Conferência Estadual do Trabalho e na qualificação permanente do debate sindical.
Memória, resistência e democracia
O jornalista Pinheiro Salles encerrou as falas com uma reflexão sobre democracia e direitos humanos. Recordou sua trajetória como preso político durante o período da ditadura militar, relatando as marcas físicas e emocionais deixadas pela tortura. Sua fala ressaltou a importância do Dieese, das entidades sindicais e do compromisso coletivo na construção de uma sociedade justa, igualitária e verdadeiramente democrática. Ele expressou o desejo mais sincero de continuar lutando para construir uma sociedade definitiva para o povo brasileiro, uma “sociedade sem classes, sem injustiça, sem violência”.
